Capitulo 6
Algumas horas depois…
Um telemóvel toca.
- Olá linda. Já sentiu a minha falta?
– Eram 10:30 da manha
- Nicky, tou no Hospital Central do
Funchal…
- O QUÊ? Mas como? O que aconteceu?
- Calma, eu sofri apenas algumas
contusões, o Marcos e que esta pior que eu... – Nicky nem me
deixou continuar disse que vinha a caminho do Hospital.
Ao chegar ao hospital Nicky parecia uma
médica a me examinar, olhou para mim, tocou-me sem dizer uma única
palavra e no fim após se certificar que eu estava inteira e bem viva
abraçou-me lavada em lágrimas.
- Hei, calma eu tou bem, são apenas
alguns arranhões e pontos na testa conforme o Marcos jogou-me para o
lado para me desviar do carro. Ele salvou-me a vida, se ele não me
tivesse empurrado eu agora estaria no lugar nele. Marcos não foi a
tempo de se desviar, o carro bateu nele de frente, tem varias
costelas partidas, uma perna e vários arranhões. O médico disse
que ele vai ter de ficar pelo menos um mês de baixa e em repouso
absoluto, mas conhecendo-o como o conheço ele não ira conseguir e
muito menos aceitar.
- Quase que morria do coração quando
me ligaste e disseste que tavas no Hospital – disse acariciando-me
a cara.
Limpei-lhe as lágrimas e beijei-a, não
me importei quem estava ali, apenas me importava a mulher que estava
a minha frente que largou tudo o que estava a fazer para vir a correr
ter comigo ao hospital. Sorri-lhe, agarrei-a pela mão e fomos ter ao
quarto do Marcos, onde já se encontrava com a namorada Carol. Como
já era de esperar Marcos estava a refilar que não queria ficar em
casa de baixa, que havia muito trabalho a ser feito na empresa devido
ao novo projecto e que não podia me deixar sozinha.
- Meu amigo querido, neste momento o
importante e tu ficares bom o mais rápido possível e quanto antes
regressares a empresa melhor, mas eu como tua sócia preciso de ti
mas quero-te a 100%. Portanto o menino vai para casa assim que tiver
alta, vais recuperar e eu vou tratar das coisas na empresa e é claro
que irei entrar sempre em contacto contigo para pedir opiniões e
tomar decisões. Agora descansa, eu preciso de ir a empresa e depois
também descansar.
Dei-lhe um beijo na testa, disse a ele
para não se preocupar que eu tava bem, Nicky despediu-se de Carol e
Marcos e saímos.
- Nicky, espera. Tira o resto do dia e
fica com a Isa, este acidente abalou-nos a todos e acho que devias de
cuidar da Isa. Ela ta a se fazer de forte mas daqui a pouco vai ir
abaixo e acho bom que estejas lá para ampara-la. – Aconselhou
Carol.
- Obrigada Carol
Como o meu carro tinha ficado
estacionado ao pé do parque de santa Catarina, fomos no carro de
Nicky.
- Linda importas-te que passemos na
empresa? Quero só ir buscar uns papéis e avisar o pessoal do que
aconteceu, devem de estar a estranhar a demorar.
- Ok, mas a menina nem pense que vai
para casa trabalhar, a Carol deu-me o resto da tarde e vamos a passar
juntas.
Sorri apenas, estava com uma vontade
enorme de chorar, mas não o ia fazer, não podia me ir abaixo. Ao
chegarmos a empresa, Nicky preferiu esperar-me dentro do carro. Subi,
comuniquei a Filipa, a minha secretaria o que tinha acontecido, pedi
que desmarca-se todas as reuniões que tinha para esse dia e disse
que voltaria no dia seguinte. Filipa disse para eu não me preocupar
e que eu fosse para casa descansar tranquila que ela tratava de tudo.
Agradeci e sai com os papeis.
Voltei ao carro e quando olhei para
Nicky esta estava com um ar triste, tinha ligado o rádio, que
naquele momento estava a dar a musica Katie Melua - The Closest Thing
To Crazy. Fomos para a minha casa, o resto do caminho foi feito em
silêncio. Foi recebida por uma Ana chorona que correu para o meu pé
assim que ouviu a porta de casa abrir. Fez-me um interrogatório
sobre tudo o que tinha acontecido e depois foi fazer o almoço.
- A menina almoça aqui? – Perguntou
Ana
- Sim, Ana, a menina aqui chama-se
Nicole, mas toda gente a trata por Nicky, desculpa não ter
apresentado antes a minha namorada. – Respondi
- Nicky, belo nome, muito prazer sou a
Ana. Acho bem que trate bem aqui da menina Isa se não vai ter de se
haver comigo, acho que já sofreu o quanto baste para uma vida.
- Não se preocupe Ana, vou amar e
cuidar muito da Isa.
Satisfeita Ana saiu para a cozinha para
preparar o almoço. Deixei Nicky a vontade na sala e foi tomar um
banho. Quando regressei Nicky estava vendo as fotografias que estavam
espalhadas pela casa. Abracei-a por trás e dei-lhe um beijo no
pescoço.
- Gostaste de alguma?
- Sim, nunca pensei que fosses tão
linda em bebé. Bom, uma bebé linda, e uma mulher deslumbrante.
- Uiiiii se continuas por esse caminho
de elogios, derreto-me toda e ai não ira sobrar nada para contar
história. – Desatamos as gargalhadas e deu-me uma dor de repente
na cabeça.
- AI- gritei e agarrei-me a cabeça.
- O que foi? Dói-te a cabeça? Calma,
anda sentar-te. É normal tar a te doer, bateste com a cabeça e
tiveste que levar pontos. Após o almoço vou levantar os teus
medicamentos.
Entretanto Ana chamou-nos para almoçar.
De entrada tínhamos sopa e depois um macarrão com carne de vaca. Eu
estava atacada com nervos e apenas consegui comer o prato de sopa.
Após o almoço Nicky, deu-me um beijo na cabeça e disse que já
voltava. Saiu para comprar os meus medicamentos. Aproveitei e
dispensei a Ana o resto do dia. Queria ficar um pouco sozinha e Ana
compreendeu, agradeceu e deu-me umas ultimas instruções de onde
tava o jantar. Aproveitei e liguei aos meus pais, quem atendeu foi
Sarah a empregada. Passou o telefone ao meu pai que estava em casa.
- Olá filhota tudo bem? Já tinha
saudades de te ouvir.
- Eu também… - a voz não me saia
- Isa ta tudo bem? Filha aconteceu
alguma coisa?
Contei o que se passara de manha mas
disse que estava bem. Ele ficou preocupado mas aliviado por não ter
sido nada de grave. Mandei um beijo a minha mãe e despedi-me. Nicky
tinha levado a minha chave e eu estava no meu escritório de casa a
olhar para os papéis. Estava tão concentrada que nem a ouvi chegar,
só me dei conta que ela havia chegado quando ela falou.
- Porque será que não te posso deixar
mais de uma hora sozinha, que tu enfiaste no trabalho? Ai,ai ai, tens
de descansar Isa. Sofreste um acidente e um valente susto. –
dirigiu-se a mim, tirou-me os papeis das mãos e eu afastei-me um
pouco para que ela pudesse se sentar no meu colo.
- O que seria de mim sem a senhorita
Fernandez? Liguei aos meus pais, dispensei a Ana e tentei resistir
mas não consegui e comecei a ler estes documentos. – Defendi-me e
dei-lhe um carinhoso beijo nos lábios.
- Isso quer dizer que temos a casa só
para nós? – Sorriu com malícia
- Culpada! Já que tou aos seus
cuidados será que poderá me dizer o que temos planeado para esta
tarde? – Devolvi o sorriso malicioso.
- Hummm. Primeiro a Dra. vai tomar os
seus medicamentos e enquanto o faz, eu penso no que iremos fazer.
Os medicamentos estavam em cima do
balcão da cozinha, odiava ter de tomar comprimidos. Quando regressei
a sala, Nicky estava em pé segurando a chaves do carro . Olhei para
ela com um ponto de interrogação.
- A Dra. tem precisamente 10 minutos
para regressar ao seu quarto, vestir um bikini, pegar na sua toalha
de praia e vir ter comigo ao seu carro. – Falou e saiu.
Mas que mulher mandona que eu foi
arranjar, pensei. Mandona, mas linda. Fiz tudo o que ela tinha me
mandado fazer e foi ter com ela ao carro. Fomos para a praia da
Calheta, a única da madeira com areia e não calhau como as
restantes praias da ilha. Estendemos as toalhas, despimos a roupa e
fomos nos sentar a beira-mar. Ficamos ali alguns minutos em silêncio,
apenas olhando o mar.
- Perdi a conta de a quanto tempo eu
não vinha a praia.
- Não me digas que não sabes nadar?
Olha que já me chega o susto de manha, não quero ter de correr pra
água para que não morras afogada! – Olhamos uma para a outra e
desatamos a rir.
- Tola, claro que sei nadar. E para a
sua informação, eu foi campeã da escola onde eu andei em
Manhattan.
- Aí sim? Ahahahaha
- Tas a rir, tas? – Peguei num pedaço
de areia molhada e docemente deitei-lhe por cima.
- Arrrrr é desta que eu mato-te.
E dito isto eu levantei-me e desatei a
correr de um lado para o outro. Nicky corria atrás de mim
tentando-me apanhar mas sem sucesso. A certa altura escorrego e fico
deitada, desato a rir porque Nicky chega ao pé de mim e para eu não
tentar fugir deita-se em cima de mim e agarra-me nas mãos.
- E agora? Já não tens como fugir
Dra. Agora vais pagar o que me fizeste a pouco. – disse e começou
a me torturar com beijos no pescoço.
Nicky sabia perfeitamente que o meu
ponto fraco era o pescoço e fez questão de lá ir brincar com a
língua e morder. Juntando todas as minhas forças, forcei a boca
dela a subir para a minha e ai virei o jogo a meu favor. Ficamos
perdidas uma na outra com beijos e carinhos deitadas na areia
molhada, desfrutando daquele contacto. Nicky interrompeu o beijo,
largou uma mão e acariciou-me a cara. Ficamos a olhos nos olhos.
Aqueles olhos castanhos lindos que me cativaram desde o inicio.
- Quando vi aquele carro vir na minha
direcção fiquei com medo de nunca mais te ver, ou poder sentir o
teu sabor. – Desabafei e uma lágrima correu pelo meu rosto
- Chiuuu não penses mais nisso. Tamos
aqui nesta maravilhosa praia juntas, num dia lindo cheio de sol para
aquecer os nossos corpos. – Limpou a lágrima que corria pelo meu
rosto
- Your my Heart Nicky – Beijei
aqueles lábios gostosos.
Aproveitei aquele momento, sentei-me e
ela sentou-se no meu colo. Peguei nela ao colo, sem que esta
espera-se e foi andando para a água devagar. De maneira a que Nicky
não percebesse o que eu queria fazer. Entre um beijo e outro ia
olhando e andando em direcção ao mar. Quando já tinha altura
suficiente, afastei as nossas bocas e com um sorriso matreiro falei.
- Bom acho que ta na altura de alguém
esfriar o corpo. – Disse e joguei Nicky a água
Esta gritou e caiu na água, quando
veio a cima, foi a minha vez de cortar a respiração. O corpo de
Nicky era maravilhoso e ver aquela água escorrendo o seu corpo
iluminado pelo sol só me deu vontade de voltar para areia e
possui-la lá mesmo.
- Hei não vale! Eu tou toda molhada e
tu só metade. – E começou a me jogar água
Não tive outro remédio se não
mergulhar. Nadei mais um pouco e cheguei ao pé dela, abracei-a pela
cintura e ficamos ali na água falando.
- Bom penso que já chega de praia, já
que a Sra. advogada e tão esperta vamos fazer uma corrida quem
chegar primeiro a areia aquece o jantar que a Ana deixou preparado.
Nadamos o mais rápido que conseguimos
e mesmo assim chegamos ao mesmo tempo. Nicky era uma excelente
nadadora e eu fiquei surpresa. Arrumamos as coisas e fomos para a
minha casa. Quando lá chegamos, eu tomei banho no meu quarto e Nicky
no w.c. do andar inferior. A safadinha tinha tudo planeado, tinha
tido a ideia de ir a praia após ir a farmácia e passou em casa e
trouxe uma muda de roupa. Depois do banho decidi ligar a Carol para
saber como estava o Marcos e Nicky decidiu ir aquecendo o jantar.
Quando sai do escritório meia hora depois, fiquei de boca aberta. A
mesa estava posta, havia vinho, velas acesas, e o comer em cima da
mesa. Nicky vinha da cozinha com os copos de vinho. Acho que babei,
ela estava linda. Vestia uma camisa as riscas azul, umas calcas de
ganga e umas sapatilhas. Tinha apanhado o cabelo num rabo-de-cavalo e
deitado um batom leve nos lábios. Dirigi-me ate ela com um sorriso
nos lábios, sussurrei algo no seu ouvido, tirei os copos da mãos
dela e pus em cima da mesa. Envolvi-a num abraço e beijei-a como se
o mundo acabasse amanha. Sentamo-nos a mesa e iniciamos o jantar. De
um dia que começou mal para todos, para mim tinha se transformado
num dia maravilhoso. E a noite, essa… ainda é uma criança…
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