Capitulo 5
Ficamos ali no mirador um bom tempo,
abraçadas, nos beijando e contemplando o mar ate que passou uma
brisa fria por nos.
- Esta a começar a arrefecer e se é
coisa que não quero e que fiquemos congeladas – dito isso eu e
Nicky começamos a rir.
- Sim tens razão Isa. Vamos? Quero que
conheças o meu apartamento e assim sempre estamos mais a vontade.
- Hummm vamos lá então. – Respondi
Fomos cada uma no seu carro, Nicky foi
a frente para me guiar, apesar de não ser muito necessário porque
ela morava umas ruas abaixo de mim e o percurso para lá chegar era o
mesmo. Estava nervosa, não tinha o que recear porque se tiver que
acontecer alguma coisa, não serei eu a impedi-lo. Estava nervosa
porque a algum tempo que não estava sexualmente com uma mulher,
parvoíces da minha cabeça eu sei, pode ate não acontecer nada e
ficarmos lá a conversar apenas. Decidi tirar estes pensamentos da
minha cabeça e liguei o leitor de cd’s do carro e começou a tocar
uma das minhas músicas preferidas dos Black Eyes Peas – I got a
feeling e foi conduzindo o resto do caminho cantando e com um sorriso
parvo na cara.
Cheguei, estacionei atrás do carro da
Nicky. Para ser sincera Nicky tinha de comprar um carro novo porque o
dela estava mesmo a cair aos pedaços.
- Nicky não achas que ta na altura de
comprares um carro novo, estas sujeita a que te aconteça o mesmo que
te aconteceu no sábado a noite. E olha que desta vez eu posso não
estar lá para te dar boleia para casa. – dito isto dei uma valente
gargalhada ao ver a expressão dela
- Ahahaha engraçadinha – deu-me uma
cotovelada e abriu a porta do apartamento.
- Welcome to my sweet home – disse e
deu-me um valente beijo de Boas-Vindas
Fiz um esforço para terminar o beijo,
que estava sendo mais do que agradável e enquanto Nicky tirava o
casaco e se dirigia a cozinha buscar algo para bebermos, eu fiquei
apreciando o apartamento. Tinha uma decoração simples, paredes
bege, sofás de pele castanhos, um ou outro quadro na parede e alguns
vasos de flores espalhados pela zona. A sala de jantar fazia contacto
com a sala de estar e do outro lado tinha a cozinha e o w.c. Foi ter
com ela a cozinha, vi-a de um lado pró outro a procura dos copos,
quando se apercebeu da minha presença virou-se e falou.
- A Dra. Deseja beber algo em especial?
Licor Beirão, Sheridan´s ou Martini Rosso?
- Um Martini Rosso com duas pedras de
gelo e limão.
Serviu o Martini com o gelo nos dois
copos e fomos pra sala nos sentar. Ela ligou o rádio baixinho como
música de fundo e sentou-se a meu lado. Levantei o braço de maneira
a ela poder se encostar a mim. Como e bom sentir o cheiro dela, o
corpo dela encostado ao meu, em menos de 3 dias, Nicky conseguiu
deitar por terra os meus muros e entrou dentro do meu coração
quando eu menos esperava. A minha vida estava a correr bem, a empresa
ia de vento em popa, com um contracto de milhões em mãos , a minha
vida sentimental estava a voltar ao normal. Basicamente estava a
voltar a viver e sentia-me bem.
- Um beijo por um pensamento teu. –
Nicky estava a olhar para mim e percebeu que eu estava um pouco
longe, e eu sorri.
- Só um beijo? E muito pouco um beijo
para o tipo de pensamento que estava a ter.
E dito isto Nicky resolveu começar a
torturar, um beijo no pescoço, um beijo no canto da boca, um beijo
na bochecha.
- Chega? Ou tenho que te dar beijos
para confessares o teu pensamento? Olha que para mim esta a ser um
trabalho bem agradável. – caímos as duas nas gargalhadas
- Ok, ok eu confesso. Estava a pensar
que a minha vida não podia estar a correr melhor, tenho um contracto
de milhões de euros que vai fazer a empresa ser muito mais
reconhecida, entrou na minha vida uma mulher linda, inteligente e sem
eu tar a espera e derrubou os muros que eu tinha erguido a minha
volta em menos de 3 dias, roubou-me o coração e fez voltar-me a
sorrir. Queres que continue ou chega?
- Uiii que declaração. Arranjei uma
mulher romântica. Podes continuar, mas não agora. Neste exacto
momento, o que eu quero e a tua boca colada a minha.
- É para já – e agarrei no copo
dela e pus na mesa junto ao meu.
Comei com um beijo lento, quase como
tortura, desci e beijei o pescoço, subi e trinquei a orelha,
sussurrei algo ao seu ouvido e senti ela gemer. Senti suas mãos
percorrerem as minhas costas, lentamente arranhando-me ao mesmo tempo
que as minhas mãos percorriam as suas longas pernas. Sem me dar
conta já estávamos deitadas no sofá nos beijando e acariciando.
Quando decidi avançar, o meu telemóvel decidiu tocar. Eu mato quem
me estragou o momento. Olhei pra Nicky que acenou com a cabeça em
sinal de consentimento para eu atender. Peguei no telemóvel e vi
Marcos Sullivan e atendi.
- Acho bem que o tenhas para me dizer a
esta hora seja importante porque se não o for amanha encho-te de
porrada ao chegar a empresa.
- Porra mas que atendimento é esse
Isa? Só queria saber como tinha corrido o cinema com a Nicky. Mas
pelo teu atendimento parece que não correu muito bem.
- O meu cinema e gelado correram cinco
estrelas, mas tu como sempre, estragas tudo e interrompes quando não
deves.
- Oh! Desculpa se interrompi. Não
fazia a mínima que.. que..
- Ok Marcos não tem importância
agora, falamos amanha na empresa esta bem?
- Olha só mais uma coisa, sei que tou
a ser um chato. A nossa corrida amanha ainda esta de pé? As 8:00 na
rua santa Catarina?
- Sim Marcos. Será que agora posso
voltar a namorar em paz ou precisas de mais alguma coisa? – Disse
já num tou meia irritada. Para me tranquilizar Nicky abraçou-me por
trás e beijo-me na parte de trás do pescoço.
- Namorar? Oh sim, não preciso de mais
nada, desculpa mais uma vez, os meus parabéns e da um beijo a Nicky
por mim. Te amanha
- Te amanha – despedi-me e desliguei.
Olhei para a Nicky e desatamos as duas
a rir.
- Isa foste mazinha com o Marcos.
Tadinho. Ele só queria saber se tavas bem.
- Tadinho? Tadinha e de mim. Anda super
protector comigo, depois que eu e a Alex terminamos anda pior que meu
pai. Eu adoro o Marcos mas as vezes torna-se chato. Talvez eu tenha
exagerado um pouco mas amanha quando ele começar com o
interrogatório vai levar nas orelhas.
- Hummm, sei. Também já e tarde e
amanha nos temos que trabalhar.
- Pois é. Quando tou contigo as horas
passam a voar.
Levantei-me e ela acompanhou-me a
porta, não sem antes termos trocado o número de telemóvel.
Desejei-lhe uma boa noite de sono e beijamo-nos. Segui para o meu
carro e foi direita para casa. Dormi que nem um anjinho. Foi acordada
pela Ana, a minha empregada as 7:30.
- Isa, o pequeno-almoço já esta
servido.
- Obrigada Ana, vou trocar de roupa e
já desço.
Vesti o fato de treino e desci. A mesa
estava pronta, havia sumo de laranja, café, torradas, queijo, ovo
cozido e o jornal. Ana sabia que eu gostava de ler o diário enquanto
tomava o pequeno-almoço.
- Ana isto e comida para um batalhão.
Não era preciso.
- Claro que era preciso Isa. Ainda por
cima vais correr e depois vais voltar com mais fome. Eu já te
conheço menina.
Eu olhei para Ana. A mulher tinha 53
anos, não tinha filhos, o marido tinha falecido a 2 anos e trabalha
comigo a seis meses. Gostava de mim como um filha e eu dela como uma
mãe. Apesar de ter uma, só que estava longe. Sou filha de mãe
americana e pai português. Os meus pais vivem em Manhattan, foi
criada lá. Tirei o meu curso lá, e decidi conhecer as minhas
origens portuguesas e vir trabalhar para Portugal. Meu pai e
cirurgião e minha mãe e juíza. Ambos têm 55 anos. Bebi o meu sumo
de laranja, nem peguei no diário. Dei um beijo na face de Ana e sai
para correr com Marcos.
Lá estava eu a correr com o Marcos,
que ficou vermelho quando eu lhe disse o que tinha interrompido e
mais uma vez pediu desculpas. Começamos a correr e a conversar
animadamente pelo caminho. Ao regressarmos, ouvimos um chiar de
pneus, eu não liguei porque o trânsito aquela hora da manha era um
inferno, gente a correr para chegar a tempo ao trabalho. Marco
levantou a cabeça e gritou qualquer coisa que eu não entendi.
Levantei a cabeça e vi um carro descontrolado vir na nossa direcção,
depois disso tudo ficou escuro.
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